o que a London Fashion Week nos diz sobre o futuro pós pandemia?
publicado em 23 de junho de 2020 no Medium

Sempre sinônimo de inovação e criatividade, há algumas semanas (12) a Semana de Moda de Londres mostrou, mais uma vez, para que veio ao mundo. É possível dizer que este evento marcou, inclusive, o renascimento da fashion week londrina, que perante a queda de audiência, corria o risco de ter sua última edição em 2019. No entanto, a primeira semana de moda em meio à pandemia do Covid-19 não decepcionou e se tornou um exemplo de renovação e talento.
Sua cobertura exclusivamente digital marcou a maior mudança do evento, levantando discussões importantes acerca da importância da tecnologia nos dias atuais e sobre a capacidade da moda em ser mais acessível e adaptável. Se, mais do que nunca, estamos vivendo atrás de telas, então que elas permitam uma conexão muito mais real e democrática entre a moda e seu público, deixando para trás velhos hábitos elitistas. Além disso, produções totalmente genderless, pautadas em um discurso de diversidade e sustentabilidade mostram que é hora de colocar em prática ideias que já vinham sendo discutidas há tanto tempo sem a força necessária.
Algumas grandes marcas como Gucci e Yves Saint Laurent já haviam se pronunciado antes mesmo desta edição da LFW, confirmando que suas produções não seguiriam mais o calendário das temporadas de moda. Essa tendência só se fortaleceu após o evento, que expôs uma nova possibilidade mais flexível de como apresentar o trabalho de cada designer. Já nos desfiles da semana, os designers ditaram um novo ideal ao trazerem coleções que colocam conforto e qualidade acima de tendências passageiras. A utilização de modelos virtuais, inteligência artificial e tecidos inovadores fortaleceram a relação desse universo com a tecnologia e com um desenvolvimento muito mais sustentável.
No entanto, entre todas essas novas ideias e ações, a de maior impacto com certeza está relacionada à palavra de ordem da atualidade: a coletividade. A plataforma do evento abriu espaço não apenas para os shows, mas também para um conteúdo multimídia produzido por diversos criativos e artistas parceiros das marcas, transformando-se em uma grande plataforma de cultura.
É importante perceber que todas as reflexões levantadas já se faziam presentes nos diálogos da moda há algum tempo — a diferença está neste incentivo coletivo para que tais mudanças realmente sejam efetivadas. Efeito publicitário do discurso sobre o “novo normal”? Ainda não é possível saber. No entanto, talvez o futuro esteja exatamente aí, em uma postura muito mais sólida e consciente sobre o papel da moda na sociedade, deixando para trás diversos hábitos e ideias que hoje, nas condições atuais, já estão bastante ultrapassadas.
Com muita perspicácia e sensibilidade, a Semana de Moda de Londres foi capaz de nos mostrar que olhar para o futuro é pensar em um ritmo de vida mais perene, que dê espaço para o diferente e significado para o que tem sido produzido. E como já disse o designer Spencer Phipps, se acalmem; produzam menos e produzam melhor.
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